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Molas: As Esculturas Vestíveis De Cantoni & Crescenti

Erica Gonsales 20 de março

Um olhar diferente e mais amplo aos adereços, não apenas como acessórios de moda, levou nossa dupla de criadores Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti ao seu mais recente projeto: Molas. O nome se refere às esculturas vestíveis em exposição na Galeria Baró, espirais maleáveis de diferentes larguras e espessuras, que o público literalmente veste.

Geralmente, as obras da dupla precisam do público para fazer sentido e, neste caso, não é diferente. O que muda é que em vez de espaços que acolhem o público, como é o caso de Solo ou Túnel, em Molas é o público que contém a obra.

A ideia de fazer estas esculturas cinéticas veio de referências bem distintas, mas complementares, que guiaram a atenção dos artistas para os efeitos sonoros, visuais e táteis dos adereços. Um exemplo é o figurino sonoro portado pela imperatriz chinesa. Em suas roupas pedrarias, guizos e outros elementos bordados tilintavam informando sua presença, comportamento e a maneira do caminhar”, contam eles. A importância estética foi observada nos brincos, colares e máscaras do Xamãs colombianos, “alguns feitos de folhas de ouro recortadas de maneira a produzir efeitos cinéticos. Aos olhos dos outros membros da tribo, a visão deste homem vestido de adereços brilhantes causava a ilusão de que ele era o próprio sol”, explicam. Por fim, descobriram que a grande quantidade de pulseiras usadas por uma amiga funcionava como uma espécie de massagem linfática.

Quem esteve presente na abertura da exposição, no ultimo sábado, pode vestir as molas feitas de aço finíssimo nos braços, que dão a sensação de vestir uma malha. E também usar uma mola mais larga, no pescoço, “que lembra aquelas garotas da abertura antiga do Fantástico”, segundo uma das visitantes. Ao vestir as esculturas, a postura automaticamente se transforma. Os adereços permitem que a imaginação crie fantasias de personalidade. Você pode ser uma Imperatriz, um Deus indígena – ou alguém com muita vergonha de estar com molas enfiadas no corpo. Tudo depende da entrega do espectador.

Rejane e Leonardo gostam, como sempre, de observar as variadas reações do público: o verdadeiro resultado da obra, no final das contas. Na Baró, eles ficaram surpresos ao se tocar de que em certo momento as paredes da Galeria estavam vazias. “Foi o máximo ver a parede toda vazia enquanto MOLAS circulavam por toda a Galeria. Nos pareceu inédito para o lugar!”

Fotos por Leonardo Crescenti

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